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Foto: Renan Mattos (Diário)
Fila para vacina no Colégio Marista por volta de 7h50min
Com a ampliação do público-alvo para idosos com 70 anos ou mais, a ação de vacinação da manhã desta quarta-feira registrou procura recorde. As filas, observadas na maioria dos 12 pontos de vacinação, chegaram a ter cerca de 500 pessoas em locais mais movimentados, como o Colégio Marista Santa Maria, por volta de 8h, quando começou a aplicação das doses (veja mais abaixo). Na maioria dos casos, não era respeitado o distanciamento mínimo entre as pessoas. A prefeitura foi obrigada a distribuir, durante a manhã, cerca de mil doses a mais do que as 5,5 mil previstas inicialmente para garantir que idosos não voltassem para casa sem a vacina. Ao todo, 6.576 pessoas foram imunizadas - a estimativa é de que existam cerca de 9 mil pessoas entre 70 e 74 anos na cidade. Conforme a prefeitura, ainda não há uma data para que pessoas que não conseguiram se vacinar recebam o imunizante, o que deve ser divulgado nos próximos dias.
Inicialmente, a prefeitura havia separado 5,5 mil doses para os 12 pontos de vacinação, o que não foi suficiente. Durante a manhã, mais vacinas foram distribuídas conforme a necessidade. O secretário de Saúde Guilherme Ribas, que circulou pelos pontos de vacinação durante a manhã, garantiu que não faltariam doses para a faixa etária. A vacina aplicada foi a CoronaVac. A prefeitura tinha, à disposição, 2,1 mil doses de um lote anterior e outras 6.750 recebidas na terça-feira. Conforme Ribas, a prefeitura tinha mais de duas mil doses para fazer os ajustes necessários durante a manhã. A estratégia da prefeitura é concentrar a vacinação dos grupos prioritários em um dia, com ações maiores, apesar das filas geradas.
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- Parece que é cultural, as pessoas querem chegar antes para garantir. Tem doses para todos. Se tiver que colocar mais doses, estamos colocando - afirma.
Ele descarta uma mudança na estratégia. Em Porto Alegre, por exemplo, diferentes idades são vacinadas em diferentes dias da semana. Nesta quarta-feira, foram imunizados idosos de 72 anos, por exemplo. Esse tipo de escalonamento não será adotado por aqui para preservar datas livres para aplicação de segunda dose.
- Como estamos falando da Coronavac, que a segunda dose é 28 dias depois, se fizermos escalonamento teremos datas em que vamos bater ações de primeira e segunda dose. Aí, vamos deixar as pessoas confusas. Temos a estratégia de fazer ações grandes, que se ampliam. Começamos com 2 mil, 2,9 mil. Depois 4 mil, agora vamos passar de 5 mil doses. E isso em vários pontos, para conseguirmos atender rápido e com agilidade. Estamos tentando fazer isso para termos datas. Não podemos chegar em um momento que não tenhamos datas e acabar por bater datas para diferentes idades. Sabemos, a pessoa vai procurar o local, e vamos ter que dividir a cidade, para imunizar pessoas com primeira e outras com segunda dose no mesmo dia. E não queremos isso. Queremos fazer ações de acolhimento, que consigam contemplar com mais pontos de vacinação - explica o secretário.
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O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), que também acompanhou a vacinação, afirmou que as filas sempre vão existir e que a prefeitura busca aumentar os pontos de vacinação para diminuir o problema.
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Foto: Renan Mattos (Diário)
Fila de espera para vacina no Clube 21 de Abril, no Bairro Itararé
- É a fila da esperança, fila do amor, fila da vida. E vai aumentar a fila. Quanto mais baixar a idade, mais aumenta a fila. Começou uma fila grande aqui na Kennedy, mas já acabou. 510 pessoas foram vacinadas. Na UFSM, a mesma coisa. São pessoas idosas, a gente pede para eles se afastarem. Mas não se afastam, precisam ficar conversando, é natural deles. Mas todos com máscara - completou o prefeito.
Já Ribas orienta a população a procurar postos menos movimentados e evitar chegar na fila durante a madrugada. Outros problemas pontuais, como o da UBS Wilson Paulo Noal, em Camobi, serão ajustados, conforme o secretário.
- Nós temos um grupo. Estamos conversando quase 24h por dia - afirma.
INDIGNAÇÃO
A fila e o sistema adotado pela prefeitura geraram indignação em algumas pessoas. É o caso do aposentado Marco Antônio Neves, de 72 anos. Ele chegou na fila do Clube 21 de Abril, no Bairro Itararé, por volta de 8h30min.
- Não recebi informação nenhuma. Só sei que logo ali adiante entregaram a ficha 400, mas para cá não sabemos se vai te r mais ficha, se terei que voltar outra hora, ou se espero - relata.
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No local, a fila quase fez a volta na quadra. Naquela hora, os últimos idosos aguardavam na Rua Carlos Baron. Quem chegou cedo, garantiu a dose. Conforme relatos de moradores, o primeiro da fila chegou por volta de meia-noite. Às 5h30min, já eram cerca de 90 pessoas. Um deles foi o neto de Maria Neli Freitas Sanches, de 73 anos, que guardou lugar para a idosa.
- É a primeira vez que recebo uma vacina na minha vida. Meus netos pequenos me convenceram. Eles não iriam mais na minha casa se eu não me vacinasse - conta.
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Foto: Renan Mattos (Diário)
Maria Neli (à esq.) tomou vacina pela primeira vez na vida. Ao lado, a filha Sandra
Conforme a prefeitura, mais doses foram levadas ao local durante a manhã. Todas as doses disponíveis foram aplicadas. Conforme a prefeitura, pouco antes das doses zerarem, as pessoas que estavam na fila foram avisadas que novas ações serão promovidas em dias e locais a serem divulgados até que todos os integrantes do grupo prioritário sejam vacinados.
Perto dali, na UBS Kennedy, no Bairro Salgado Filho, o movimento era menor. A fila havia terminado antes das 9h, e ainda sobravam cerca de 100 doses no local. Pela manhã, antes do início da vacinação, 200 pessoas estavam na fila.
FILAS NO CENTRO
Já o cenário nos dois pontos com mais vacinas disponíveis, no Colégio Marista Santa Maria, para pedestres, e no drive-thru do Parque da Medianeira, era bem diferente. Às 8h, a fila no Colégio Marista subia a Rua Floriano Peixoto, passava pela Coronel Niederauer e Serafim Valandro até a esquina com a Olavo Bilac, com cerca de 500 pessoas. Outras 200 pessoas estavam abrigadas nas dependências internas do colégio, com cadeiras e área coberta. O primeiro da fila chegou às 4h, segundo um fiscal. A vacinação começou minutos antes das 8h.
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Foto: Renan Mattos (Diário)
Fila para o drive-thru do Parque da Medianeira foi a maior registrada até agora
Na Basílica da Medianeira, a fila chegou a proporções ainda não observadas durante a campanha de vacinação. De madrugada, por volta das 5h, a fila de carros já chegava na Rua Duque de Caxias. Em outros dias, isso só acontecia nas primeiras horas da manhã. Às 7h45min, a fila de carros chegava até a Rua Doutor Teodorico, passando antes pela Rua Duque de Caxias, BR-158, Avenida Hélvio Basso e Avenida Medianeira. Às 11h, três horas após o início da vacinação, a fila de carros estava em frente ao Maxxi Atacado, na Avenida Hélvio Basso. O primeiro da fila chegou às 12h35min do dia anterior, logo após o fim da aplicação da segunda dose em profissionais da saúde no mesmo local. Maurício da Silva Siqueira, de 34 anos, estacionou o carro na entrada do parque para garantir a dose para a mãe Izaura, de 72 anos.
EM CAMOBI E TANCREDO NEVES
Em Camobi, o movimento começou antes mesmo das 4h, quando mais de 200 carros já formavam fila no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), um dos lugares com drive-thru. Na UBS Wilson Noal, também em Camobi, os primeiros idosos a garantir lugar na fila chegaram de madrugada. No local, há vacinação tanto para idosos nos carros quanto para idosos a pé. Porém, um leitor relatou à reportagem que, por volta das 4h, os idosos foram orientados a sair dos carros e formar uma fila única, e acabaram tomando chuva (foto abaixo).
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Outro ponto movimentado foi na Associação Comunitária Tancredo Neves. Às 10h15min, ainda haviam pessoas na fila na calçada da Avenida Paulo Lauda. Ali, a prefeitura teve que levar 100 doses além do previsto, totalizando 600. Às 10h, 530 fichas haviam sido distribuídas.